7 de novembro de 2011

POSSO DEVOLVER?

Quando eu disse "sim" ao seu pedido eu me achei um degrau acima de todas as mulheres, afinal eu tinha encontrado alguém que me amava.
Ai, a arrogância!
Não entrarei em detalhes de como foi estranho fazer curso para noivos. Nem em como eu tinha que correr feito uma doida experimentando vestidos, escolhendo flores, checando aluguel de igreja...Se eu fosse levar em consideração o cansaço, eu teria desistido ali mesmo.
O dia mais feliz da minha vida não estava sendo assim, tão feliz.
Os preparativos para este dia estavam me deixando cada dia que passava mais cansada e longe da tal felicidade.
E você, onde estava mesmo?
Fugindo de toda e qualquer responsabilidade, afinal de contas, você ia casar comigo e suas responsabilidades terminavam por ali.
É nessas horas que você pragueja esse mundo machista dos infernos!
O que vai ferir sua virilidade escolher entre orquídeas ou rosas colombianas?
***
O casamento transcorreu sem problemas. Eu lhe ameacei de morte caso fizesse qualquer reclamação que fosse, afinal você não ajudou em nada (admito que você assinou alguns cheques mas quem estava no front era eu)! Obedientemente, você não emitiu um "ai" de desaprovação!
***
Estamos há três anos juntos. Ainda não temos filhos (e não pergunte quando pretendo tê-los, ok?).
Admito que às vezes olho para você dormindo e me pergunto por que diabos eu te disse "sim"?
Lembrei, eu te amava, você me fazia rir, fazia outras coisas que não vem ao caso falar, mas que me deixavam nas nuvens, era gentil, divertido, sexy.
Hoje você aje como senão precisasse mais me conquistar. Qualquer roupa está boa (exceto os ternos Hugo Boss que você usa para ir trabalhar). O único local que tem o prazer de te ver impecável é o trabalho. E a sua assistente, argh!
Eu deveria ser mais sexy, divertida, legal. Hoje em dia admito que vivo no modo "automático".
Pra que vou fazer um jantar romântico se você vai jantar fora?
Pra que vou usar uma lingerie nova se quando você chegar em casa, vou estar dormindo?
Pra que sair no fim de semana, se estamos tão cansados?
Será que você não acha esquisito a roubada na qual nos metemos?
Eu acho.
Quando proponho um jantarzinho ou uma reunião entre amigos, você fica num canto emburrado e não vê a hora do pessoal ir embora logo.
Isso quando eu não fico bêbada e você fica muito irado, afinal, você é um homem muito decente.Eu que sou uma tonta!
***
Você não gosta que eu saia sozinha, mas você pode sair sozinho.
Então eu fico em casa vendo a vida passar e você fica na rua vivendo a sua vida.
Gostaria de lembrá-lo que você não é mais solteiro.
E que, já que não quer se divertir comigo, deveria me deixar livre para me divertir sozinha.
A gente não precisa brigar de novo por conta disso.
***
Lendo estes livros de autoajuda eu constatei que o meu erro é que espero muito de você.
E você acha que faz mais do que suficiente em pagar a parcela do financiamento do apartamento. Só se esquece que eu também pago as contas nesta casa. Não, não tô jogando na cara. É só um lembrete. 
Eu quero ter uma vida a dois mais saudável. Você me acha um fardo.
Cada dia mais pesado de carregar. 
E quanto a nós dois, deveríamos ter lembrado que brincar de casinha na prática é cansativo.
É para poucos e bons. Um exercício diário. Uma troca. Todos os clichês que existem.
E que somos egoístas demais para colocar em prática.

PS: eu nunca fui casada, portanto o post é baseado nos dois casamentos que pude acompanhar, no papel simpático de filha.





Um comentário:

  1. Genial. Os modelos de casamento que conheço são assim, na melhor das hipóteses.

    ResponderExcluir