17 de setembro de 2012

PRA QUANDO VOCÊ CHEGAR...


Eu não sei quando você vai chegar. Na verdade eu nem conheço o seu pai. De repente eu já conheci o seu pai e naquele momento das nossas vidas, não era o timing certo para que você fosse concebido. (Não, eu não sou volúvel).
Estou dizendo isso porque nessa fase da minha vida estou solteira, só isso. Talvez você já tenha nascido, até. E por razões que não cabem eu julgar, sua mãe achou melhor te deixar sob os cuidados de outrem. (Sou a favor de adoção).

Enfim, nós ainda não nos conhecemos. E se de repente, nós nem viermos a nos conhecer?
Nada é impossível. Eu quero escrever sobre a gente se conhecer, sobre você vir a este mundo, que às vezes me faz estourar de orgulho e outras vezes me faz encolher de vergonha e desgosto.

Uma vez eu sonhei que estava esperando você e ia para o trabalho normalmente. E no meu sonho, meu trabalho era pura adrenalina: - eu era investigadora de polícia e estava colhendo provas para incriminar algum meliante (eu não faço ideia de onde tiro essas coisas, mas prosseguindo) eu me senti absolutamente à vontade com você junto a mim. Eu era uma mãe leve, serena.

Outra vez eu sonhei que você já havia chegado. E lembro que te coloquei para dormir e saía para resolver qualquer problema. E esquecia. Que você existia. (Me perdoe) E lembrava ao olhar para a camisa rosa que eu vestia molhada de leite. Eu largava a conversa no meio e corria até você, desesperada. Para o meu alívio, você ainda dormia no berço, como um anjo.
Senti um nó na garganta ao lembrar do sonho. Na verdade eu acordei aliviada ao perceber que foi apenas um sonho.

Sendo você gerado por mim ou não, eu quero que você saiba que:
  • algumas pessoas podem nos decepcionar, mas outras irão nos fazer absurdamente felizes;
  • o mundo sempre dará provas de que ainda é um bom lugar para se viver;
  • a gente sempre deve fazer a nossa parte, não importa se o outro não faz, se importe com o que você pode fazer;
  • sempre AME, porque gostar não é o suficiente;
  • faça a coisa certa! (O que é a coisa certa? A gente vai descobrindo ao longo do caminho, conforme vamos vivendo)
  • respeito é fundamental;
  • todas as formas de amor são válidas e por isso mesmo, merecem ser respeitadas;
  • a rua não é lixeira, portanto jogue o lixo no cesto (e senão tiver cesto, ponha na bolsa e ao chegar em casa, sim, coloque no cesto)
  • água não é vassoura para se “varrer” calçadas com mangueira;
  • quando tudo der errado, você terá o meu colo!
  • brigadeiro, salgadinhos, pizza e refrigerente, só no fim de semana.

Estamos entendidos, Gianluca e/ou Eduarda?

14 de setembro de 2012

DOR DE COTOVELO (MALDITA FALTA DE TIMING)

Você é a fim de um cara. E sabe que o cara é a fim de você. Mas ele não toma iniciativa. Nem você quer chegar junto, mas vivem se dando “indiretas”. Você sabe que o dito cujo é superdesejado e pior ainda: facinho que só ele. Mas ele pode. Ele está solteiro e você num relacionamento que não leva a lugar nenhum. Sem querer você descobre que uma figura feminina superrespeitada da empresa dá maior corda para o seu “querido”. E ele corresponde, afinal ele está solteiro. Como você se sentiria? Intimidado?

Os dias passam e num dia X a figura importante vai visitar o escritório e você não vê, mas sabe que o objeto do seu desejo e sua concorrente se encontraram. E o que você faz? Não perde a oportunidade de alfinetá-lo, afinal, como ele ousa colocar seu melhor perfume justo no dia em que ela vai lá? Ele, sedutor que é (e dissimulado) diz que aquele perfume é para você, que tá nem aí para fulana. E você ri. Sabe se lá se é de nervoso ou de puro deleite. Ele diz isso olhando nos seus olhos, o corpo próximo demais do seu, correndo risco de um flagrante iminente. (Lembre-se, vocês trabalham juntos). Mas ele não liga para isso. 

Dias depois, vocês estão sozinhos e longe dos olhares alheios. Porém trabalhando. Ele não tem a mesma leveza que você, está nervoso com o prazo de entrega de um projeto. É monossilábico. Curto. Grosso. De repente ele fica otimista, porque se dá conta que vai conseguir entregar o projeto no prazo.  Você relaxa. E faz tudo errado. Porque você não sabe lidar com seus desejos. E pensa demais. 

E interrompe o silêncio jogando na cara dele que ele estava bonito demais no dia que sua concorrente foi ao escritório. Ele te olha estupefato. Passa a mão nos cabelos. E decreta, com um sorriso frio:
- Desisto.
- De quê? – você pergunta, o mesmo sorriso nos lábios carnudos.
- De você, minha querida!

Você tem a oportunidade de passar a mão em seu rosto, segurar sua mão, prendê-lo em um abraço, sufocá-lo com um beijo... Mas você apenas assente movimentando a cabeça. Você não sabe, mas ele morre um pouquinho por dentro. Por causa da sua miopia, que te impediu de ver que desde o começo ele sempre protegeu e cuidou para que tudo fosse mais confortável para ti. Não que tivesse segundas intenções. Empatia pura e simples. Agora não se queixe se ele for mais ríspido com você do que o de costume: os cotovelos dele estão doendo. Por você. Um dia há de passar, mas até lá aguente.

12 de setembro de 2012

CONSTATAÇÕES ÓBVIAS


Para realizar um sonho, você precisa estar acordado. E dormindo menos do que gostaria. E consciente de cada passo, cada escolha. Não é irônico?

***
Por que a tristeza por causa de um fora chama dor de cotovelo se é o orgulho que sai ferido, o coração que fica em pedacinhos e os olhos que manifestam toda a sua dor através de lágrimas quentinhas e gorduchas que insistem em te humilhar?

***
Por que eu te adoro tanto quando tudo o que você me oferece é desprezo? E quando tem boa vontade, migalhas. Eu quero um banquete. E por que eu aceito tudo o que você tem a oferecer, por menos que seja, de bom grado? Você acha que eu sou uma dessas mulheres fáceis que só dizem sim? Acertou, eu sou.



11 de setembro de 2012

ENCRUZILHADA


Então cheguei num trecho da estrada que eu tenho de escolher se vou ficar no passado (e com os sentimentos nobres do passado) ou então seguir pela trilha do futuro, onde eu não sei o que me reserva mas onde tenho a certeza de que poderei escrever uma nova história. Porque eu tenho que aceitar a sua perda. Eu tenho que aceitar que as pessoas vem e vão. Inclusive eu. Preciso ir adiante e entender que o futuro pode ser tão ou mais feliz do que um pedaço glorioso do meu passado. Basta eu deixar a vida me surpreender.

10 de setembro de 2012

FARTA.FRIA.CÍNICA


Quando você desconfia de todos. A ponto de contestar. Ou quando você magoa de propósito, sem nem ligar para as conseqüências. Quando você quer saber do seu lado (se será prejudicado ou não). Quando você perdeu a fé em você. E nos outros. Você está farto. Frio. Cínico. E essa foi a maneira que você escolheu para sobreviver nesse mundo. Não posso culpá-lo por isso. Também não apoio. É uma escolha tua. Eu respeito. E não se fala mais nisso.

6 de setembro de 2012

I TRUSTED YOU. MY MISTAKE


Meu maior erro foi confiar em você. Me enganei. 
Me deixei levar pelo paraíso de promessas temperadas ora com erva-doce, ora com pimenta, como diria a saudosa Rúbia Gardini. E como canta Katy Perry em Wide Awake: - caí da nuvem mais alta e acordei com a cara no concreto, traduzindo livremente.  E agora tô bem acordada. E magoada. 

Mas a sua burrice me causa surpresa, admito. Não satisfeito em me decepcionar, aproveita algumas brechas e desconta em mim sua frustração por não ter dado certo. Oi?
Se você não é bem-resolvido com suas escolhas, eu não padeço do mesmo mal. Me chame de fria, se quiser. Eu chamo isso de praticidade. E vou continuar lidando com isso da maneira mais farta, fria e cínica possível: fingindo que não aconteceu. 


5 de setembro de 2012

PASTEURIZADO


Por que você é obrigado a ser feliz o tempo todo? A ter mais e do melhor?
Por que tem de ser tudo para ontem? 
Se você tiver apenas o suficiente não vai estar de bom tamanho?
Não existe perfeição. Não existe suprema felicidade.
O que é bom para os outros pode não ser para você.
E o que é ruim para os outros pode ser excelente para você.
Saia da zona de conforto. Desafie-se. E se der errado: Just Dance!

4 de setembro de 2012

VEXAMINHOS, RAIVINHAS.


Das coisas que fazem o estômago ir parar nos pés, sem escalas (pelo menos comigo é assim que funciona)

Precisar ler e fazer um monte de coisas fora do horário de trabalho e a internet cair? Parece uma provocação. Como se alguém dissesse: você não vai fazer isso agora. Pronto. E por que ficar sem internet tem o potencial de irritar tanto?

***
Por que quando você bate a mão no bolso de trás da calça jeans e percebe o vazio da ausência do seu celular, você sente um soco na boca do estômago?

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Ou então você está na fila do check in e ao olhar a bolsa para procurar o seu RG, você descobre que esqueceu em casa?

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Você chega no escritório desejando ir para Fernando de Noronha e descobre que nada é tão ruim que não possa piorar um pouco mais: o telefone está mudo e a internet caiu!E você não pode ir embora, porque a situação deve ser normalizada em pouco tempo. Oh angústia!

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Você foi fazer umas comprinhas, foi pagar com cartão e...Surpresa!: transação não aceita! Você não fecha os olhos e pensa que é apenas um sonho ruim e que vai acordar daqui a pouco?

3 de setembro de 2012

DORMINDO DE CALÇA JEANS

Sábado, 01 de setembro de 2012. Estava indo à feira, como de costume. Sol a pino. Trânsito caótico. Aguardo para atravessar no cruzamento da Av. Jardim Japão com a Av, Roland Garros (detalhe: aqui na região todos pronunciam o nome como se escreve, tá). O semáforo demora para abrir para os pedestres. Então eu me sento numa muretinha que tem junto ao posto de gasolina. E vejo os carros passarem. E vejo um ônibus tentando manobrar num espaço minúsculo para entrar na Roland Garros e seguir seu curso, rumo ao Parque Edu Chaves. E vejo um cara num Sandero prata insultar o motorista do coletivo porque este sinalizou para que ele desse ré, caso não quisesse avarias no seu carro. Também vejo um carro preto fechar um motociclista. Um segundo a mais ou a menos e haveria um acidente ali, sem dúvidas. E fiquei me perguntando porque as pessoas tem tanta pressa e tanta raiva, afinal? E por que elas parecem tão surpresas com a péssima qualidade do trânsito na região?
Elas sabem que as vias são estreitas, elas sabem que a feira atrapalha o trânsito. Ou então fingem que não sabem. Elas tratam o veículo ao lado, a frente ou atrás como inimigos em potencial. Acho preocupante ver tanta gente destemperada atrás dos volantes, sério. Chegando cedo ou tarde em seus compromissos, não seria interessante que chegassem em segurança, sãos e salvos? 
E o que dizer dos pedestres? Custa esperar dois minutos para atravessar no sinal verde? Realmente vai fazer diferença aqueles dois minutos esperando a sua vez? De que adianta os gadgets evoluirem se os homens e a sua pressa/imediatismo involuem a cada dia que passa? 
***
Todo sábado eu também vou ao mercado comprar as coisinhas básicas para uma semana: leite, pão, ovos, iogurte, alguns produtos de limpeza. E ao passar minhas compras no caixa flagrei uma ligeira discussão. A cliente retrucava que o segurança não poderia chamar a atenção do cliente. O segurança por sua vez nada falava, mas virou as costas indo em direção ao fundo da loja e mandou a cliente para o inferno. Nunca vou saber porque ambos se exaltaram. Mas penso que o segurança no mínimo poderia ter sido mais educado, o que quer que a mulher tenha feito de grave. Foi duma indelicadeza terrível insultá-la. E duma covardia xingá-la por trás, sem direito de resposta. E mais grave ainda: um homem com tamanho destempero assim, que xinga numa situação banal estaria preparado para lidar com uma situação-limite? Suspeito que não.
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Apressadas. Irritadas. Sensíveis e paradoxalmente agressivas. Estas são as pessoas de hoje. Pessoas que não falam olhando nos olhos. Elas olham em seus smartphones as últimas atualizações do facebook, por exemplo. Eu também sou assim. E não acho isso bonito. Mas eu quero mudar.

2 de setembro de 2012

LIVE AND LET DIE (YOUR LOVE)


Depois daquele telefonema, aquela sensação de borboletas no estômago deu lugar a uma sensação que devo descrever como conforto. Eu me senti confortável em te receber de volta à minha vida. A ponto de perceber que a minha preocupação em constatar que eu não havia te magoado tanto quanto supunha parou de incomodar. Apesar do esforço (e depois da falta de) não nos encontramos. Eu não ia me esforçar para sair do trabalho mais cedo apenas para te ver e ouvir as mesmas desculpas esfarrapadas.

Eu estava certa. Sim, eu gostava de você. Eu não gostava era que desdenhasse da minha inteligência. Em um feriado, a gente se encontrou por acaso. Eu como sempre, de folga. Você trabalhando. Eu te dei uma gelada. (Na verdade te dei a ignorada do milênio). Você ligou de volta cobrando uma explicação e...Eu não atendi, mas não foi de propósito, foi porque simplesmente não ouvi o telefone tocar. Naquele mesmo dia nos encontraríamos de novo. Então conversamos. Segue o diálogo:

Você: Por que você não me atendeu?
Eu: Não ouvi o telefone tocar, a propósito, você não pode me telefonar do trabalho...
De cara fechada, você seguia, dizendo que eu estava muito brava.
Eu: Não estou brava, eu só não acho saudável te encontrar como se fosse uma consulta médica...
Você: Eu também não acho saudável, mas é que, de verdade, eu não tenho tempo.
Eu: Quando a gente quer, a gente arranja tempo, é só querer.
Você: Me entende, eu tenho que ajudar meu pai, meus pais me superprotegem, me controlam e...

(Pausa, a outra parte envolvida em questão tem 32 anos, e não 17, como você suspeitou)
Eu: Desculpe, você é homem, que papo é esse de superprotegido?

Você: Mas você também é (superprotegida)...
Eu: É outra história. Sim, eu sou, mas eu não vou entrar em conflito com minha família por causa de um cara que talvez não me mereça...
Você: Então não te mereço, não valho a pena?
Eu: Do jeito que você tem se posicionado até aqui, em relação a nós dois, não.
Não sei se hoje caberia um namorado na minha vida, não é o que eu tenho almejado, mas você sempre quer que tudo seja do seu jeito, no seu tempo. E as coisas comigo não podem mais ser assim.

Você: O que quer dizer? Acabou de dizer que não quer nada sério...
Eu:  Não põe palavra na minha boca, você entendeu o que eu disse. E para ser mais específica, se eu não valho um convite para um cinema ou um pagode, meu amigo, eu não valho nada para você.
Você (em choque): Agora você está colocando palavras na minha boca...
Eu: É um fato, você conduziu uma situação, gosta de mim, mas não quer correr o risco da escolha. No seu lugar, eu também estaria com medo.Na verdade, eu até escolhi.
Você: O que você escolheu?

Eu: Escolhi me afastar.Não vou perder energias em algo que não dá em nada.
Você: Não precisa ser assim...
Eu: Não é questão de precisar, é questão de que vai ser, no que depender de mim.
Neste momento, se considerando muito irresistível, me puxou para junto do seu corpo e me deu um beijo. Como eu nunca gostei discutir com alguém e logo em seguida me agarrar com a pessoa, me desvencilhei de você imediatamente.
Eu: Boa noite, a gente se vê por aí.
Você: ...

Tempos depois, em uma movimentada avenida de São Paulo, fiquei pensando sobre a possibilidade de ver um conhecido por ali e te encontrei. Desta vez ambos estávamos correndo. Diante do seu apelo, eu te dei um beijo no rosto, apressada. De uns tempos para cá, o destino sempre providenciava um encontro. Antes, quando eu queria te ver, não conseguia. Agora, sou brindada com encontros casuais. Como a vida é irônica, às vezes.

Depois desse dia não nos vimos mais. Não tenho raiva, mágoa, nada disso. É apenas uma história que eu deixei morrer. Live and let die.