Antes de mais nada, você precisa ler ouvindo:
No good for me (The Corrs);
Precious Ilusions (Alanis Morissetti) ;
Wicked Game (Chris Isaak) ;
Broken Hearted Girl (Beyoncé);
Are you happy now? (Michelle Branch).
Às vezes eu converso com a Lia e tento entender o que se passa no coração dela. Não estou julgando nada, por que afinal de contas, eu sou alguém na noite paulistana pra julgar alguma coisa?
Se você não está entendendo nada vamos aos fatos:
- quando eu conheci a Lia, em meados de 2008, ela saía com um cara, mas assim, "não era namoro", como ela enfatizava. Essas saídas eram regulares, e naturalmente, com o passar do tempo eles foram se envolvendo, - e mais do que dividir a cama eles passaram a dividir as mazelas do cotidiano. Típico de quem cria vínculos.
Mas assim, não era namoro.
Já se passaram três anos desde então e no meio do caminho começaram a surgir
um monte de pedras:
- assumir ou não o relacionamento;
- a família vai aceitar um cidadão com uma bagagem atípica (mais velho,
casamento desfeito e filhos a tiracolo)
- será que ele (a) vai me trair?
Houve idas.
Voltas.
Numa dessas idas eu simplesmente assisti ela definhar.Sim, definhar, sofrer por amor. Porque o dito cujo assumiu um namoro, mas não com ela.
E como ela teve acesso a tal informação?
Quem disse Facebook ou Orkut acertou.
(Vale lembrar que o dito cujo também tem suas inseguranças, como o fato de Lia ser bem resolvida, ter personalidade forte e ser mais nova que ele. Rola também um sutil medo de não dar mais conta, se é que me faço entender).
Os dias foram passando devagar, acredito. Não é legal descobrir que o cara que você gosta está namorando.Pior ainda quando ele ainda estava com você, na prática. Muitos e-mails, conversas no MSN, torpedos e perdidos depois, as coisas entre Lia e o dito cujo continuam da mesma maneira. SIM!
A única coisa que mudou é a família que finge não saber sobre seus sumiços, as amigas em unanimidade que reprovam o relacionamento e a insistência de ambos em continuarem juntos. Em alguns momentos eu acho que a Lia tinha que ir adiante e simplesmente esquecer,
mas falar é sempre mais fácil do que fazer.
Como ir em frente se isso significa deixar para trás o que você quer? Como lidar com a saudade das partes boas? Como reconhecer que todos aqueles esquemões e planos bolados a cada encontro não vão ter o final feliz esperado? Como viver e saber que ele simplesmente não faz mais parte da sua vida?
A vida não é como em um filme, que você faz a escolha e a seguir surge uma sequência
com a legenda "tempos depois".
É um dia de cada vez!
Em outros momentos eu me pergunto: - por que não admitir logo de uma vez que estão
juntos?
Mais uma vez eu digo: tão fácil falar, difícil fazer. Porque admitir significa lidar com novas situações: - seus pais que vão reprovar seu relacionamento por medo dele largá-la ferida tempos depois, seus irmãos que também vão reprovar seu relacionamento (muito provavelmente).
E sabe o que é pior: reprovam sem ao menos dar uma chance de provar que do mesmo
jeito que pode dar errado, também pode dar certo! São suas amigas (eu inclusa) que muito provavelmente vão rejeitar o pária. E você vai ficar chateada.
Do outro lado é você que vai ter de administrar toda essa gente que aprendeu a te amar
ao longo do caminho, desapontada porque você não foi pelo caminho mais fácil e confortável, para eles, é claro.
Você que vai ter que batalhar para ganhar o carinho e o respeito dos filhos dele. É ele que vai ter de lidar com o fato de que " essa moça linda que eu amo" não vai tomar o lugar da mamãe. Ele vai lidar com ciúme, insegurança e medo de não acompanhar o seu ritmo, celebrar suas conquistas e compreender o seu mundo de um modo geral.
São vocês dois indo e vindo, ano após ano, incapazes de seguir adiante longe um do outro, incapazes de admitir que não podem viver longe um do outro. Lia e dito cujo (assim mesmo, com letras minúsculas), o tempo está passando, as pessoas que convivem com vocês continuam levando a vida delas da maneira que podem e vocês aí, escrevendo a história de vocês na clandestinidade, omitindo de tudo e de todos o óbvio?
Apenas uma dúvida:
Dito cujo, se você não a quer mais, por que simplesmente não mandá-la embora, com todas
as letras? Te faço a mesma pergunta, Lia.
Outra hipótese a ser considerada é o hábito.Já se acostumaram a ficar juntos, já se conhecem bem, como imaginar a vida sem a presença do outro?
Seja hábito, seja amor, o tempo está passando.
Mais uma pergunta Lia: você se intimidaria se ele te pedisse em namoro?
Iria em frente ou saíria correndo para bem longe?
Seja franca consigo mesma. Isso vale para você também, dito cujo.
Pelo que a Lia comentou comigo da última vez que se viram, eu tive a impressão de que ele
jogou nas mãos dela a responsabilidade de pôr um ponto final na história deles. Motivo:
- como interpretar a seguinte declaração "vocês são fogo, vocês (mulheres) só querem
escutar o que vocês querem, o que você quer que eu te diga ou faça, quer que eu termine com você, eu não vou fazer isso". Esta declaração foi dada após ela cobrar uma posição a respeito da situação deles.
Analisando bem essa colocação dele, a impressão que dá é essa mesmo. "Eu não vou perder essa boquinha, eu só perco se você quiser sair fora". Como proceder: - continuar ficando com o cara, sabendo que como casal (se depender dele) vocês serão eternamente enrolados? Pior: não é digna de ser apresentada como namorada dele!
Ou então sair fora, sofrer tudo o que tem direito e esperar a vida te surpreender com uma
nova paixão?
Se você continuar com ele, a não ser que seja um relacionamento aberto, você não vai
poder conhecer outros caras e finalmente ter uma relação sadia (não é normal sempre sair escondido e omitindo informações, sorry dear). Se você segue em frente, encerra um ciclo.Inicia-se uma nova etapa.Mais doída, é verdade, mas nem sempre a gente sai ganhando em tudo.Nesse momento você aprende uma das lições mais duras que existem:
- aprender a perder, a renunciar, porém é na dor que mais aprendemos, então no fundo será
válido.
Não é legal, mas em algum momento vai bater a saudade. E você tem de enfrentar.
Sofrer.Chorar, se for necessário. Infelizmente, de novo. Resistir as tentações de procurá-lo.
Acredite, Lia, se fizer isso quando menos esperar vai perceber que aprendeu a conviver com
a ausência dele. Antes de escolher por ficar com ele, pense: - ele vale todo o sacrifício que vai enfrentar? Por fim, saiba que não importa o caminho que você escolher, alguém vai sair de coração partido. E torço muito para que não seja você.