30 de maio de 2012

O HOMEM CERTO


O homem certo vai vir num cavalo branco.  Ou num Civic 2012 preto. Talvez a pé.
Vai se sentar ao meu lado no ônibus. Vai pedir para segurar minha bolsa. Vai perguntar de onde eu venho. Para onde eu vou. O que eu faço. E o que pretendo fazer. Talvez os nossos caminhos se encontrem no meio do expediente. Pode ser um colega de trabalho. Um fornecedor. Um amigo. Ou um inimigo, porque o amor surge dos lugares mais imprevisíveis.

Talvez eu já o conheço, mas ainda não percebi. Ou então não era para acontecer naquele momento. 

O cara certo usa One Million (perfume delicia da Paco Rabanne). E usa jeans escuros, camisa branca, havaianas e barba por fazer, mas de um jeito charmoso e milimetricamente proposital.

Saberá me dizer o que está sentindo usando versos de música. Pode ser qualquer música, desde que a gente se identifique.

Me levará ao cinema.
Vai fazer um jantar incrível quando eu chegar em casa.
Terá uma voz bonita, gostosa e sensual, principalmente quando sussurrar ao pé do meu ouvido qualquer bobagem.

É alguém que é justo, preza pela sua individualidade (e pela minha) mas sabe voltar quando quisermos ser "um só".

Vai ter boa vontade com os meus erros, do mesmo jeito que tentarei ter boa vontade com erros dele. Vai conversar comigo e encontrar soluções ao invés de perder tempo discutindo problemas. 

Entenderá que só amor não basta. É preciso amizade, cumplicidade, saber ceder de vez em quando. Porque o amor acaba. E é dramático perceber que o amor acabou. Quando acabar não vou querer ao meu lado um homem que não me reconheça mais e vice-versa. 

Segurara a minha onda em um dia. Segurarei a sua onda no outro. E a vida segue. E a gente segue. Juntos. Ou não. Até tudo recomeçar outra vez.

Não vou procurar. Porque eu quero ser surpreendida. E encontrada.





28 de maio de 2012

A PROVA DE FALHAS?



Se você cuida tanto da minha vida virtual quanto eu cuido da (vida) dos outros, deve ter visto eu resmungar na sexta-feira o quanto eu estava indignada comigo mesma. Mas eu não disse o que tinha me deixado tão desapontada comigo mesma.

Essa imagem acima ilustra bem a minha cara ao descobrir que ao invés de renovar o certificado que me permite renovar as notas fiscais eletrônicas, eu havia REVOGADO.

E o que isso significa? Isso significa que eu NUNCA MAIS vou poder usar aquele certificado.
Que vou ter de pedir um novo e pior: pagar por isso. No primeiro momento eu desacreditei, mas no segundo momento só lembrei de minha amiga Aninha dizendo: - interpretação deixa a desejar no ENEM 2011. 

Porque foi isso mesmo. Um crasso erro de interpretação. Pode rir. No terceiro momento, engasgada de raiva, vergonha e sem saber qual medida tomar depois do meu estômago passar direto para os pés, decidi ligar para The Boss. E fiquei mais abismada porque simplesmente não houve briga. Ainda argumentei, mas tudo o que ouvi foi: eu sei que se você errou, foi sem querer. A gente consegue reverter isso aí, pelo menos vamos mudar o nome do titular do certificado...

E foi assim que minha sexta-feira passada terminou: o contraste da benevolência de The boss x a minha intolerância com os meus próprios erros. Chegou o momento de entender que todo mundo erra. Até eu.

21 de maio de 2012

KONG!?


Daí que tá rolando um ti-ti-ti a respeito do clipe de Kong, do Alexandre Pires. Tão considerando racista e o Ministério Público tá investigando. Tô achando meio exagerado isso ae, mas só para ficar na comparação...


...o Bruno Mars, também afrodescendente, fez um clipe com macacos dançando e apoiando a sua ideia de "não fazer absolutamente nada" em The Lazy Song, uma verdadeira ode a preguiça. E até onde eu sei, os americanos e outros estrangeiros negros não se associaram a imagem dos macacos preguiçosos. Ou se viram representados nessa imagem.  Concordo com a blogueira e escritora Clarissa Côrrea quando diz que as pessoas estão agressivas e sensíveis demais nos últimos tempos. Agressivas eu não sei, mas neste caso estão fazendo uma tempestade em copo d'água. It's just a joke, ok?



18 de maio de 2012

UMA PEQUENA DOSE DE FELICIDADE III

Essa semana eu comecei os trabalhos sombria, me queixando de uma situação meio tensa que estou vivendo. E para finalizar esta sexta-feira com chave de ouro, selecionei músicas leves e fofas para celebrar o dia mais celebrado e amado da semana.


Comecemos com Morcheeba em What's your name?




Depois desse momento de graça e sedução sutil, eu viajo nos arranjos de Clocks, do Coldplay.




Daí eu quero cantar muito alto e viajo na fofura do Travis cantando Sing.



Viajando no país da memória eu me lembro de Luz dos Olhos, do Nando Reis.

Por fim, embevecida com o meu "playlist da felicidade"  eu fecho com "Chorando se Foi" com Banda Calypso e Nando Reis. A letra é sobre dor de cotovelo, mas eu sempre AMEI e achei
"para cima", os arranjos incríveis, enfim...




Uma ótima sexta-feira para todos e have fun!

17 de maio de 2012

UMA PEQUENA DOSE DE FELICIDADE II


Este aqui não é um blog de propaganda mas se tem uma coisa que me encanta muito, além de revistas, pasme, são sabonetes líquidos.
Como uma boa designer (por formação) que eu sou, fico seduzida pelas embalagens, cores, tipografia e etc. E como uma boa mulherzinha fico seduzida pelo cheiro. Quanto mais cheiroso, melhor!
Que me desculpem os sabonetes em barra, mas os sabonetes líquidos são mara (e fundamentais em meu banheiro)!
Meu favorito neste momento é o Palmolive Aroma Therapy de Lavanda e Ylang-Ylang, que promete relaxar e trazer bem-estar. Promete e cumpre! E ainda tem um cheiro doce in-crí-vel, tem espuma cremosa e não resseca a pele. E um preço bacana, em média de R$7.
Quem já enjoou do cheiro de baunilha deve investir na doçura do Ylang-Ylang (não acho o cheiro da lavanda docinho, tá mais para cítrico).
E vou te contar, depois de um dia cansativo de trabalho e rush, nada melhor que tomar um bom banho, néam? 

16 de maio de 2012

UMA PEQUENA DOSE DE FELICIDADE


Ainda no assunto "felicidade instântanea", lamento muito por quem não sabe cozinhar e pior:
não tem ninguém que saiba cozinhar por perto!
Este doce tipicamente brasileiro, que nasceu no improviso (reza a lenda que a empregada de um brigadeiro chamado Eduardo, senão me engano, precisava fazer um doce pois o homem estava chegando para passar uns dias por lá, pegou a mulher de surpresa - ela não tinha ingredientes frescos na ocasião - e fez o doce, na correria).
Bem, com o passar do tempo a receita foi adaptada e existem centenas de receitas de brigadeiro espalhadas por aí.
Existe até uma loja aqui em São Paulo chamada Maria Brigadeiro, que vende brigadeiros gourmet. E eu sonho ir fazer uma visitinha lá com as amigas qualquer dia desses.
Deixando os sonhos gourmet de lado, outra coisa que me faz feliz é brigadeiro!
Algumas docerias me deixam terrivelmente decepcionada e vendem um brigadeiro pasteurizado, industrializado e horroroso, confesso!
Exceto uma doceria na Praça da República. Lá vende os melhores brigadeiros do mundo. Tem do tradicional e um que tem recheio de beijinho que eu acho sen-sa-ci-o-nal!
E tem os que eu cozinho. Não que eu seja uma Ofélia, uma Palmirinha. Antes eu cometia o erro crasso de fazê-los com achocolatado em pó e ficava demasiado doce, eca! Demorei para entender que o segredo do sucesso é usar chocolate em pó, ou chocolate amargo de boa qualidade. Experimente, e descobrirá a felicidade em colheradas!

PS: não há nada mais charmoso, gostoso e politicamente incorreto que fazer e comer uma panela de brigadeiro, seja sozinho ou acompanhado.

PS do PS: quem disse que açúcar e afeto não curam?

PS do PS do PS: tenho paladar é infantil (novidade).


15 de maio de 2012

ONLY HAPPY WHEN...I SLEEP!


Se a Shirley Manson (aquela ruiva diva do Garbage) diz que só fica feliz quando chove, eu só fico feliz quando me deito e durmo. (Ouça e veja Only Happy When it Rains aqui e entenda o que estou dizendo)!
Voltando ao assunto "quando fico feliz", te respondo fácil: nada me deixa mais feliz do que
dormir. E faz tempo que não durmo tanto quanto eu gostaria. Um sonho: acordar quando sentisse meu corpo 100% satisfeito e disposto. Tirar uma soneca à tarde. Poder acordar as 07h da manhã. Quem sabe um dia realizo este sonho...
E você, o que tem feito você feliz ultimamente?



14 de maio de 2012

FIO DE NAVALHA


Dizem que estar no fio da navalha é estar em uma situação limite.
Tudo ou nada.
Preto ou Branco.
Quente ou Frio.
Não importa.
Não era onde eu queria estar.
Mas me puseram lá.
Como Andy Sachs ama dizer em O diabo veste Prada: não me deram escolha!
Este mantra é válido para quando você não quer lidar com a escolha que fez.
Com o "não dá para voltar atrás agora".
E já que me puseram no "fio da navalha", vou ficar lá. Eu não sei se me adapto,
mas ficarei lá tal qual a imagem que escolhi para ilustrar este post: linda, com lábios vermelhos e sorriso estampado no rosto. Porque chororô não combina comigo!

11 de maio de 2012

TRÊS MANEIRAS DE LIDAR COM OS HOMENS

Fim de semana passado, eu estive ouvindo algumas músicas e observando as maneiras que as mulheres lidam com o sexo masculino em fases diferentes da vida.

Pensando nisso selecionei estas três músicas, onde as três intérpretes desabafam sobre o descaso, a indiferença e a atração irresistível que existe entre homens e mulheres.

Primeiro escolhi o jeito adolescente e meigo da Manu Gavassi, em "Garoto Errado". 
Por quê? Quem nunca conheceu e suspirou por um "garoto errado?" E partiu seu coração?



Depois da meiguice e do provável coração partido em "Garoto Errado", lembrei da rebeldia e o estilo "olho por olho, dente por dente" que a Jessie J prega em "Do it like a dude" (em tradução livre, "Faça como um cara"). 


Por fim, eu finalizo esse Top 3 com Beyoncé refletindo sobre como agiria com as garotas se fosse um garoto. 

(Nota: Não sei se você prestou atenção, mas coloquei os homens sob o ponto de vista de uma garota que está descobrindo as delícias do primeiro amor, a rebeldia de uma jovem mulher que quer agir de igual para igual e uma balzaquiana que gostaria que os homens deixassem de ser tão egoístas).

Moços que leem este blog, aceito réplicas. E moças, o que vocês acharam da minha playlist?



10 de maio de 2012

TODO MUNDO QUER CUIDAR DE MIM



" Eu fico quieta, quase não peço nada 
E quando é sobre mim, eu fico calada 
Todo mundo quer saber da minha história
Dizem que eu tô sempre tão desligada

Todos estão prontos pra me socorrer 
E pedem que eu tome muito cuidado 
E me dizem que viver é perigoso 
E me pedem que eu não saia de casa

Todo mundo quer cuidar de mim 
e na verdade o que eu quero é sair 
Todo mundo quer cuidar de mim 
e na verdade o que eu quero é cair."  
(Todo Mundo Quer Cuidar de Mim - Brava)

Esse é o hino dos superprotegidos. Tudo que a gente quer é enfiar o pé na jaca, é quebrar a cara, mas tem sempre alguém (seus pais, na maioria das vezes) para te lembrar que o novo amor da sua vida não vale a pena, que a sua saia está muito curta, que você está saindo demais, que você nunca fica em casa. E pasme!, quando você fica em casa, te perguntam porque não vai sair. Por um momento, você desconfia que nunca fará essas pessoas felizes.

Neste momento da vida você está na seguinte situação: você trabalha, é independente, maior de idade, mas não pode fazer tudo o que quer. Por um simples motivo. Você ainda mora com seus pais. E 
neste caso vale as regras dos donos da casa, sorry. E não adianta se rebelar, porque sabe se lá porque os pais têm o dom da clarividência. Ou seja, se eles dizem que algo vai dar errado, pode acreditar que em 90%  dos casos eles vão estar certos (experiência própria).

Jogar a toalha e dizer que vai morar sozinho não é tão simples assim: morando sozinho, todas as responsabilidades são suas. O aluguel, a água, a luz, a comida, a roupa lavada, a geladeira cheia, é tudo por sua conta. E se você não sabe quanto custa um quilo de carne ou valor da última conta da casa dos seus pais, acho melhor esfriar a cabeça e repensar. Mas se a certeza do voo solo já tomou conta dos seus pensamentos, comece a se organizar financeiramente para não passar apuros no futuro. 

Costumamos ver com maus olhos a superproteção. É como se quisessem nos podar, ou se estivessem desconfiando de que não somos capazes de decidir sozinhos o que queremos. Pode ser que não haja respeito as suas escolhas. Nesse caso, o tempo vai mostrar quem tinha razão. Ou não. Porque o tempo é infalível. Não decepciona. Se comportar de jeito irresponsável ou infantil também não ajuda em nada. Até eu ficaria preocupada se visse alguém com essas más qualidades. 

O importante é viver bem e ter certeza das suas escolhas. E das suas renúncias. Em alguns dias vai encher o saco todo mundo querer cuidar de ti. Mas em outros dias tudo o que a gente vai querer é, que, paradoxalmente, cuidem da gente. O que eu recomendo: deixem que cuidem de você, mas com moderação, né?



9 de maio de 2012

NAKED


A gente se julga tão moderninho, tão hype, daí acontece um fato que faz a nossa máscara cair por terra. Se você navegou na internet ou viu TV nos últimos dias já percebeu que o novo assunto do momento é a nudez da atriz Carolina Dieckmann. O jornalismo de celebridades adorou porque:
1) é um furo
2) Babi Rossi careca já deu, né?

Mas enfim. Uma ótima oportunidade para ver o quanto somos hipócritas, retrógrados e um pouquinho vingativos. A imprensa que cobre celebridades adora dizer que Carolina ficou com a pecha de antipática depois de processar o Pânico. Ninguém lembra de comentar se ela é uma boa atriz ou não, mas gostam de comentar sobre o quanto ela engordou ou emagreceu, quantos paparazzo ela destratou, dentre outras coisas que não vão mudar a vida de ninguém.

Os diretores de redação das revistas masculinas devem ter ficado arrasados. Os inimigos devem ter se deliciado. Os amigos devem estar de mãos atadas. E mesmo que as fotos saiam do ar, elas ficaram eternizadas para sempre. Males desse admirável mundo 2.0.

Há quem defenda que o vazamento dessas fotos seja jogada de marketing. Se for, acho um tiro no pé, porque vai contra as palavras de uma mulher que sempre disse que não posaria nua em respeito aos seus filhos. Se ela foi chantageada, acho que fez bem em não pagar ao estelionatário, pois corria o risco de virar uma bola de neve. O cara pede 10 mil hoje, dai outro dia ele volta e pede 20 mil. Situação absurda. 

O que eu acho engraçado é que, se ela estivesse fazendo algo comprometedor, tipos dando uma de Winona Ryder e roubando ou ainda transando em um local público, tudo bem, o rebuliço se justifica. Mas ela está apenas nua, fazendo pose. Em um país sempre lembrado por querer despir suas musas no Carnaval. Ou em revistas. Curiosamente, Carolina é uma dessas musas que o país sempre quis despir. 

Dizem que Carolina está abatida. Também não é para menos. Mas eu acho que esse episódio não deve mudar quem ela foi até aqui. Ela não vai perder o emprego por conta disso. Óbvio que uma crise familiar se fez presente, mas nada como um dia após o outro, com uma noite no meio. Ainda falando de Brasil, logo param de falar desse assunto. Esquecem. E a vida volta a ser como antes. Mas acho que Carol devia adotar o bordão de Suellen, de Avenida Brasil: "Meu corpo é esse e a pista é nossa". E parar de ficar se martirizando, até porque arrependimento não previne, tampouco remedia.


8 de maio de 2012

SINGLE LADY


Antes de começar os trabalhos eu preciso explicar porque escolhi essa foto para ilustrar o post de hoje: eu vi um certo deboche na expressão dessa noivinha que faz uma prece, como se estivesse suplicando "me mandem um par, por favor". Bom, pelo menos eu tive essa sensação ao ver esta imagem, se fosse acha que eu viajei, me desculpe.

Lendo este post do "Eu lia, tu lias" fiquei lembrando de um tempo em que eu quis um namorado desesperadamente. Isso foi em meados de 2007. Minhas queridas amigas Priscilas tinham começado a namorar simultaneamente. Eu estava muito feliz por elas (obviamente), mas comecei a me sentir em desvantagem, chateada. Digamos que era uma "invejinha nude". E para finalizar o "cão da depressão" as coisas no meu trampo estavam chatas que só vendo, com meu chefe fazendo da minha vida um inferno.

Tempos depois, eu engatei um namoro (também!). Eu deveria estar feliz, exultante, pulando de alegria e prepotente como só uma leonina sabe ser. E estava. Os dias foram passando e as partes chatas começaram a ficar mais importantes que as partes boas: - meu querido (ex) namorado tinha um ciúme absurdo de mim. Hoje vejo que dava umas mancadas incríveis, porque eu não via maldade nas coisas que eu fazia. E não percebia que, Deus, jamais imaginei que usaria esta expressão, mas vamos lá: - tínhamos gênios incompatíveis! 
Não era uma afinidadezinha ali, outra acolá que iria remediar essas diferenças irreconciliáveis!

Onde quero chegar, afinal? Poderia ser fatalista e achar que estava escrito que iria ter este relacionamento de qualquer jeito, mas se eu estivesse bem e não tão carente quanto eu estava, será que eu teria me permitido viver este namoro? I don't think so. Por quê? Passaram-se três anos desde o fim do meu namoro. Nova empresa, novos amigos de trabalho e alguns colegas botando pilha porque eu não tinha namorado e talz. Tem dias que você está bem, mas em outros dias a carência te encontra e ela se recusa a sair do seu lado, por mais que você resista. Nunca vou saber se foi o tal do amor próprio ou se foram a falta de qualidade dos candidatos, mas eu não sucumbi a tentação.

Curiosamente, as queridas Priscilas haviam se casado. Eu deveria estar desesperada, arrancando os cabelos, implorando para que bordassem meu nome na barra de seus belos vestidos brancos, mas não estava. Outra vez estava feliz por elas. Eu não tinha mais aquela ansiedade por ter um par. Até porque eu já tive. De repente eu percebi que desde meados de 2005 eu não sabia mais o que era ser solteira. E principalmente, não ter uma amizade colorida para aliviar os momentos de solidão.

Namorar é saudável, desde que as duas partes envolvidas estejam interessadas em somar, não em podar e impor uma série de coisas estapafúrdias. Aproveitar a solteirice também é saudável. É ótimo poder ir para balada e ficar flertando a esmo, sem medo de ser marcada no facebook no dia seguinte e se ver em maus lençóis. É bom fazer planos para si mesma e não ficar esperando com os dedos cruzados que o seu parceiro (a) aprove. E se sentir culpada (o) porque ele não aprovou seus planos. Daí você me fala de individualidade e talz, mas sem perceber, vocês deixam de ser dois e viram "um" (este fenômeno é tipicamente feminino). E isso é perigoso.

Nossas tias entram em desespero porque estamos solteiras. Mas nossas tias ainda acham que os homens devem ser provedores e nós, mulheres, dependentes deles. Os tempos mudaram. Hoje as mulheres, na maioria das vezes, não precisam de um macho alfa provedor para garantir o seu sustento. Ufa! 
Diante desta contestação, por que ainda há tanto desespero diante de uma mulher solteira?
Se casamento ou relacionamentos estáveis fossem garantias de felicidade, minhas mães ainda estavam casadas. 

Eu não quero um anel no dedo, como a Beyoncé canta em "Single Ladies". Não acho que esteja faltando homem, como diz os versos de uma música que está na trilha sonora da novela Avenida Brasil. Acho que está faltando boa vontade tanto de homens e mulheres, que não se entendem. Agora, se você acha que uma mulher precisa estar em um relacionamento para ser feliz, me desculpe. Eu não acho.

7 de maio de 2012

THE SUMMER IT'S OVER


O verão foi embora. Meus vestidinhos leves, minhas rasteirinhas deram lugar a uma sisuda jaqueta de couro, cachecol e luvas. Isso porque o inverno não chegou ainda. Mas não vamos falar muito sobre o tempo, deixo isso para os meteorologistas. Meu cabelo está mais curto ainda, me sinto entediada há tempos. Há tempos também não nos víamos. 

Quinta-feira passada, por volta das 19h30 da noite, nos encontramos. Você estava com a barba por fazer e eu queria chegar logo em casa. Mas sempre que te vejo, a vontade passa imediatamente. Porque eu gostaria que o trajeto Vila Ema - Metrô Belém durasse para sempre.

E eu, que tinha 20847 planos para colocar em prática no dia que o destino nos colocasse frente a frente de novo vi um a um ir pelo ralo. Não te disse nada, nem um "olá" desajeitado. 
Fiquei feliz em te ver, saber que você está bem, está trabalhando, está aparentemente saudável. Quer dizer, você está usando óculos - talvez não esteja tão sadio assim...Mas miopia não mata!

Gostaria de saber desde quando me tornei tão covarde. Ou tão blasé. Uma parte de mim acha que eu deveria te dar um voto de confiança e acabar com esse impasse. A outra parte acha que, mesmo sabendo da certeza do não, eu não deveria me arriscar e deixar as coisas como estão. (Nota: admito que você ficou bonito de óculos e barba por fazer)

Bem, você tem o poder de tornar a viagem mais curta. Deve ser porque eu me distraio te olhando. Só pode. Daí meus pensamentos viajam para aquela tarde de verão em que nos conhecemos. Em que nossos olhares se perderam, e a nossa voz também, diga-se de passagem. Mesmo sem trocar uma única palavra, parecíamos tão íntimos. E hoje parecemos dois estranhos, desviando o olhar o tempo todo. 

Se eu pudesse, eu recuperaria a cumplicidade daquela tarde de verão, em que você me disse que eu estava fugindo de você. Errado, se eu pudesse, eu correria. Para você. E deixaria a minha recente frieza de lado. Mas nesse momento, enquanto vou embora e te deixo para trás, mais uma vez, eu canto you're beautiful, do James Blunt: -  e eu não sei o que fazer, porque nunca vou ficar com você.



4 de maio de 2012

MEU ERRO


Eu acho que se eu te dissesse que não voltaria mais, você sorriria mais aliviado. Sério. Você ostenta todos os dias ser mais feliz. Você tem a cara de pau de ser mais feliz do que eu?
E taí uma coisa com a qual não consigo lidar. Sua felicidade. Como ousa ser feliz depois de ter me magoado? Com que direito?
Se eu fosse sensata, eu já teria te esquecido. Mas eu não quero esquecer. Porque a dor de cotovelo é inspiradora. De repente eu te esqueço, mas só depois de ter escrito um romance.

Não consigo entender porque você vive tão bem longe de mim. E eu, ah, vivo tropeçando nos meus próprios passos. Lembrando de um passado glorioso. Vivendo de um passado glorioso. Todos os dias são de chuva. Frio. Melancolia.

Não posso culpá-lo por não gostar mais de mim, mas é tão delicioso ter alguém para acusar e culpar. É tão reconfortante ser a vítima. Mesmo agindo como vilã. E é tão paradoxal quando descubro que você está triste, porque eu fico solidária com a sua tristeza.

Será que eu não voltasse mais ou simplesmente não acordasse mais, como você se sentiria?
Sentiria saudade ou pena? Ou nada. Eu sei que a sua piedade eu não quero e nunca vou querer. Se pudesse me admirar, ou até mesmo reconhecer que apesar do meu jeito insano, eu amava você, talvez eu me sentisse mais feliz. A verdade é que durante todos esses anos eu sempre quis o seu respeito, porque eu não saberia agir se você decidisse corresponder ao meu amor. Eu me atrapalharia. Curiosamente, eu não tenho o teu respeito.

E por que eu não tenho? Porque eu te deixei ir longe demais. Cada vez que disse que te amava e o quanto você era importante, você se envaidecia. E amor não tem nada a ver com vaidade. Porque sempre que eu te encontrar, mesmo que não te ame mais, você vai me olhar com ar de superioridade. E eu, será que abaixarei a cabeça, submissa? Ou erguerei o queixo, espevitada? 

Bem, eu sempre vou achar grosseiro dizer que não te amo mais, desculpe. Talvez porque seja mentira. Mas mesmo que ainda te ame, não posso ficar do seu lado. Nem você me quer do seu lado, não é verdade? 



3 de maio de 2012

SOBRE SER. OU NÃO SER


Queria ser daquelas mulheres elegantes que anda de peep toes como quem anda de Havaianas. Usaria chemises e peep toes altissímos e viveria com a pele bem feita. Aquele tipo de mulher que os homens são loucos para namorar e todas as mulheres querem ter como amiga. Queria ter olhos verdes e 1, 80 m de altura.
Mas a realidade é que só me visto de jeans e camiseta, vivo de tênis, nunca encontrei uma base que combine com meu tom de pele, intimido os homens (aqui cabe uma pergunta: por que intimido?) e as mulheres não querem ser minhas amigas. Tenho olhos castanhos e 1, 59 m de altura.

Quando era criança, gostaria de ter pernas grossas e cintura fina. Pelo menos isso eu consegui, graças a genética!
Gostaria de ser esse tipo de gente que sabe identificar bons e maus atores. Que gosta de filmes de arte. Que gosta de filosofia. Que só ouve bandas indie.  Mas não sou assim. Quase não assisto filmes, sejam eles de arte ou não. Até me esforcei, mas não curto filosofia. E ouço qualquer tipo de música.

Queria ser disciplinada e fazer mais exercícios, mas meu cansaço não deixa. Ter barriga chapada, mas tenho uma barriga pochete mesmo. Sei que não devo, mas não resisto aos doces. Queria ser mais racional e menos passional. Acordar no dia sem estar morrendo de sono. Não me preocupar tanto com tudo. Apenas viver e aproveitar cada momento de riso e ignorar as dificuldades do dia a dia.

Saber dançar. E dançar como se não houvesse amanhã. Ter um carro, de preferência um SUV e cair na estrada. Dirigir sem rumo. Descobrir cada paisagem que meus olhos ainda não viram e surpreendê-los. Saber cantar. Cozinhar. Nadar. Andar de bicicleta. 

Engraçado que me aceito sendo preguiçosa no que diz respeito aos exercícios físicos. Com a barriga pochete. Degustando brigadeiros. Sendo passional. Morrendo de sono. Preocupada com tudo. Rindo. Chorando. Dançando mal. Cozinhando bolos timidamente. 
E sigo nessa pequena batalha de ser feliz como sou. Ou como eu deveria ser. Até o dia em que darei meu braço a torcer e aceite de vez minhas escolhas.







2 de maio de 2012

CRESCER



Eu ainda acho estranho me chamar de "mulher". Parece que foi ontem que eu era uma menina de franja e moletom que gostava de ir à escola. E passava as tardes brincando de "polícia e ladrão" com a Erika e jogava futebol ou vôlei com a parede, porque meu irmão ia para escola a tarde e eu ficava sozinha quando não tinha com quem brincar. A menina que gostaria de ser a Kimberly, dos Power Rangers.

Eu ainda me vejo brigando com Rodrigo porque queria um pneu de trator. Lembro que íamos a beira do lago e gritávamos. Os sapos que viviam lá coaxavam assustados e nós saíamos correndo, porque em nossa imaginação, eram índios que viriam correndo atrás da gente.
A adolescente que gostaria de ser a Posh Spice, mas foi rebaixada a ser a Mel B (ninguém queria ser a Mel B, seria preconceito por ela ostentar um black power de responsa na época que Wannabe estourou?)

Não usava nada que não fosse jeans e camiseta, não importa se era inverno ou verão. Eu lia a Capricho. Lia a Atrevida. Lia romances da Agatha Christie. Lia até bula de remédio naquela época ociosa. Brigava com meu irmão porque ele não arrumava a cama. Não ia à feira, ao mercado, ao açougue. Só ia a biblioteca, que fica no centro de Guarulhos.

Só calçava tênis All Star e sandálias Havaianas. Pintava os olhos de preto e passava camadas generosas de rímel para ir à escola. Pintava as unhas de rosa neon da Impala. Usava uma temp tattoo no pescoço (uma rosinha discreta). Os cabelos tingidos de acaju viviam presos em rabos de cavalo, maria-chiquinhas e trancinhas.

Jogava baralho com os amigos do meu irmão como se não houvesse amanhã. Fazia um bolo de chocolate muito gostoso. Assistia MTV 18 horas por dia. Escrevia letras de música. Escrevia os seguintes versos em qualquer lugar: Enquanto aqui estiver/ Vou fazer o que quiser/ Quer ser feliz? Tente.

Tinha dois amigos inseparáveis: a Tati e o Ronaldo. Comprava canetas em gel pink, com glitter e cheirinho de morango, iogurte. Me apaixonava. Desencanava. Fazia drama. Era bem mais tímida do que sou hoje. Posso descrever meu primeiro beijo com uma palavra: repulsa.
Posso descrever meu último beijo com outra palavra: gostoso.
Escrevia. Escrevia. Escrevia.
Eu ainda escrevo. Uma mulher que escreve. E lê. E olha atentamente em qualquer direção.
Muita coisa mudou aqui, mas a sensação que eu tenho é que continuo a mesma. Ou quase.

PS: a foto da ampulheta é para ilustrar a velocidade do tempo.