3 de agosto de 2012

VOYEUR (DESDE QUANDO VOCÊ SE FOI)


Você que me lê. E se procura em cada texto que eu posto aqui. E admite isso para mim, numa boa. Eu deveria ilustrar este post com algo estilo "Sexo, Mentiras e Videotape) mas esta é a imagem que eu quero para ilustrar o abraço que eu quero te dar. (Não me venha com desculpas esfarrapadas, abraços você pode dar).  Que enredo maluco foi esse que eu arrumei para nós? E que você ajudou a construir, obviamente. Eu não seria tão criativa a ponto de inventar uma história tão cheia de saudades, idas, vindas, distância, ausências.

Eu me pergunto o que você fez durante este tempo em que estivemos separados? O que você viu, o que você fez, o que você aprendeu e principalmente, o quanto que eu ocupava seus pensamentos? (Eu suspeito que não ocupava nada, mas assim, estou sendo prática).

Vou te falar o que eu fiz. Já que você ficou ausente, eu tive que me voltar para o que era relevante naquela época: o TCC. Então foram noites insones e dias de zumbi de todas as partes envolvidas (eu, Aninha, Pri e Dú #supernovarocks). Mesmo longe de você, mesmo com aquela dor insuportável que a saudade deixa de herança e castigo, eu me divertia. Eu levava meu trabalho em segundo plano, infelizmente, porque não havia como entregar tudo 100% naquela época.

Finalmente chegou o dia da apresentação, até cheguei a comentar com você e...Nunca tive resposta. Hoje entendo que não tinha nada a ver você vir assistir, tampouco me dar palavras de incentivo a respeito. Nos apresentamos, foi muito gratificante ter o trabalho reconhecido e sinto muito, mas você perdeu uma oportunidade de aprender o quão difícil é produzir um livro e convencer os outros de que ele tem potencial para ser comercial.

Depois da euforia, vem a rotina massacrante de procurar trabalho, ir às entrevistas, preparar a monografia para ser entregue e de repente, numa tarde de verão...Me apaixonei. De novo. Isso você não sabia. Eu também nunca contei. Por que contaria? Existia um pequeno pacto de que nunca contaríamos quando estivéssemos em outro lance. Por isso mesmo eu tive que saber pela minha mãe que você estava namorando (e quase estourei os tímpanos dela quando berrei todo o meu inconformismo).

Enfim, a paixão durou dois encontros. Teve uma recaída. E a vida me deu de presente um amigo incrível, a quem me refiro sempre como "o melhor ex do mundo". E por que ele é tão bom assim: - mesmo depois do fim, saíamos juntos, conversávamos horrores, comíamos tudo que era junk food. E mesmo com a barra-pesada de não ter emprego e quase ser despejada, ver a luz de casa ser cortada e toda a sorte de acontecimentos ruins, ele foi a única pessoa com quem consegui dividir meus pequenos fracassos domésticos. Enquanto isso, você vivia.
Sabe se lá como. Feliz. Saudável. Longe.

Aos poucos a vida doméstica foi voltando ao normal. E a ideia de saber que você, que tinha horror a compromissos sérios, namorava outra pessoa...Me matava de uma raiva quase assassina. Porque eu implorava para que você me dissesse que não queria namorar comigo, não porque tinha horror a compromissos. E você era educado demais para dizer que a culpa era minha mesmo.

Resumindo, enquanto você namorava em meados de 2010, eu ia vivendo a vida, apesar da sensação estranha de ciúme de alguém que não te quer mais, mas que você de maneira imbecil insiste em querer. Mas eu queria com menos força. Eu lembrei da importância da minha família, dos meus amigos. Das boas revistas que eu podia ler e não lia. Dos bons livros que eu ainda não tinha lido e poderiam me ajudar a preencher o tempo livre que tinha pensando em você. Lembrei que poderia provar (e provei) todos os quitutes incríveis que são vendidos nas cafeterias, padarias e afins ali da Av. Ipiranga, São Luiz e região. Tentava fazer algo pelo livro (ainda não publicado) da época da faculdade. Todas essas coisas não amenizaram de todo, mas conseguiram atenuar a dor de cotovelo.

Radicalizei e cortei o cabelo. Troquei os óculos por lentes de contato. Emagreci. Engordei. Tive ficantes casuais. Fiquei de bode dos ficantes. Acabei por me acostumar a solteirice convicta. O sacrifício hoje seria como adaptar minha rotina de workaholic-blogueira-dona-de-casa a um namoro, por exemplo? Eu seria capaz de tal proeza?

(Fiquei pensando se você não ficou frustrado por não termos feito a viagem que havíamos planejado? Ou por não termos passado o réveillon daquele ano juntos? Será que um dia você me responderia?).

Então 2011 chegou e de repente eu me vi curtindo empreendedorismo, mais um ano de trabalho duro, um ano de perdas repentinas e irreparáveis, um ano que foi mais leve graças aos amigos, a família e a alegria que apenas a simplicidade das coisas simples nos proporciona). Um ano que poderia ter sido mais, e não foi. Um ano que você até participou um pouco da minha vida. Ou como eu gosto de dizer: fez uma ponta.

A distância, o tempo, tudo colaborou para que visse as coisas de um jeito mais leve. Foi um summer love que entrou pelo outono, atravessou um inverno e por fim se perdeu na primavera. Foi bom e durou o tempo suficiente para se tornar inesquecível. E precisava acabar porque como eu viveria ligada de tanta adrenalina que eu sentia sempre que você estava por perto? Ás vezes parece que carrego nas tintas e parece mesmo que estou devastada, terrivelmente magoada e frustrada por você não corresponder ao que eu sinto. Não é verdade. A verdade é que eu sou uma mulher muito melhor do que fui ontem. E preciso carregar nas tintas porque, como escritora (pretensiosa, eu) parte do meu trabalho é emocionar, fazer pensar. Deixar o simples espetacular. Mesmo depois que você foi embora, mesmo depois de ter arranjado outra mulher, eu fui e sou muito feliz, alegre. Rio e faço rir aonde quer que eu vá. 

Hoje minha preocupação é que você não seja tão feliz e realizado quanto eu estou perto de ser. Meu medo é que você mude tanto a ponto de eu não te reconhecer mais. E vice-versa. 
Sobre você dizer que é meu amigo, não, isso não me destrói. Porque é o que você tem para oferecer. E a gente não pode dar o que não tem. (Nunca poderei me questionar da sua honestidade, rapaz). Se é amizade o que você tem para oferecer, eu quero. Eu aceito. E ofereço minha amizade de volta. Porque eu sou orgulhosa demais para amar um homem que não corresponde aos meus sentimentos. E mesmo se, um dia, pudéssemos ser amantes de novo, você teria muito trabalho para me convencer de que me quer de volta. Nós somos amigos. Não sei se você percebeu, mas nós temos muito respeito um pelo outro. Somos elegantes. Honestos. E isso basta. 
(Se você se sentir ofendido, lembre-se que preciso carregar nas tintas =D e lembre-se também que, de todos os meus amantes, o mais inspirador foi você, sem dúvida)







Um comentário:

  1. Já te falei da ótima escritora que você é? Então, me surpreendi mais uma vez com seus textos!!! Emociona, intriga, provoca!! Sensacional!
    Parabéns

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