8 de abril de 2012

PROVOCAÇÕES



Tudo começou com um elogio.
O tipo de elogio que o feirante, o açougueiro, o desconhecido que cruza o seu caminho, ou o gatinho da balada costuma fazer.
A única diferença é que o feirante e o açougueiro estão te elogiando para chamar a atenção para a carne ou para os brocólis verdinhos e frescos.
Os dois se interessaram por você, óbvio. Mas ter uma chance vai depender de boa vontade, no mínimo.
Você não. 
Eu deveria ignorar. É só mais um elogio óbvio.
Mas eu simplesmente não consigo ignorar.
Porque a impressão que eu tenho é que você já tem tudo. Pelo menos tudo que eu não tenho nessa fase da minha vida.
Você parece tão bem resolvido, tão realizado profissionalmente, tão polido e educado.
Tão distante de mim, paradoxalmente.
Mas parece querer que eu faça parte dessa sua vida tão completinha.
E eu, bem, eu sigo equilibrando a simpatia e a dureza para lidar com gente que se acha acima de qualquer crítica.
Eu queria ter a liberdade de perguntar duas coisas:
1) O que você quer (de mim)?
2) E o que está te faltando?
É óbvio que existe uma falta, um buraco.
Só isso explica o tanto que nos aproximamos nos últimos dias.
E o tanto que eu deixei você se aproximar. Porque próximo você sempre quis ficar.
Eu que nunca deixei você chegar perto.
Ultimamente ando titubeando quanto a distância que desejo manter.
Não seria errado sair para tomar uma cerveja, se eu não me sentisse tão intimidada.
De repente eu te convido.
E talvez eu tivesse as respostas. Ou talvez, você me fizesse perguntas.
Talvez não falássemos nada, meus olhos castanhos se perdendo no azul dos seus olhos.
Talvez eu pudesse sentir o calor das suas mãos, o gosto da sua boca.
E ter a certeza de uma ressaca moral. E me odiar. Te odiar. Ou não.
E passar o resto da vida fingindo que não aconteceu o que queríamos que acontecesse.
São muitos "e se" para lidar.
Não queria lidar com eles. Queria apenas a simplicidade radical de um sim, de um não.
E a ironia disso tudo é que, nesse momento, tudo isso depende de mim e mais ninguém.
Admito me divertir com as provocações sutis. Você fala o que eu gosto de ouvir.
Eu falo o que você quer ouvir. E a vida vai seguindo. E cada fim de dia fica leve. Doce.
Se tiver algo de errado, será que não sou eu mesma que estou dando importância demais?
Eu acho que é. Então fica assim: vamos dar prioridade as coisas realmente importantes,
amigan.





















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