27 de junho de 2012

DESENFERRUJAR


Eu queria ser a menina dessa foto. Ter um cara legal para segurar a minha mão em um parque bucólico numa tarde agradável de primavera (minha estação favorita do ano). E ver a tarde cair, bem sossegados. Sem aquela urgência. Mas de uns tempos para cá eu tenho achado isso quase uma utopia. Porque parece que estamos hedonistas demais. A gente quer  ter. E buscar tanto prazer. Que se esquece de olhar nos olhos do outro, perde aqueles lances gostosos que o início de uma paquera tem. A gente não houve o que o outro tem a dizer. Sabe aquela expressão  - decifra-me ou te devoro? Ninguém quer decifrar mais nada, a gente já vai logo para o que interessa: devorar. As músicas que tocam no rádio incentivam de maneira implícita essa luxúria toda. É gente que acha que um carro pode trazer a mulher desejada em segundos (Camaro Amarelo - Munhoz e Mariano e Vem ni Mim Dodge Ram, do Israel Novaes) não me deixam mentir. É gente que te oferece felicidade, mas se você quer romance, compre um livro (Romance - Humberto e Ronaldo). É gente que diz que é foda (Sou Foda - Os Avassaladores). E gente que quer te jogar no fundo da Fiorino (Fiorino - Gabriel Gava). Então é assim, desde que você se dê bem, vale me jogar no fundo de um furgão? 
Foi para isso que você colocou seu melhor perfume, sua melhor roupa?

É como se a época da inocência tivesse acabado. Nós somos tão pedantes que já anunciando que não é pra levar a sério, porque meu jeito (leviano) é esse. E por que eu tenho 
que aceitar esse jeito leviano nos outros? Eu sei que é fase. Todos tem fases de sagrado/profano. E não é ruim. Mas chega um momento na vida que você quer ser de uma pessoa só, e quer que essa pessoa seja só sua. E é aí que tudo emperra. Porque ninguém quer abrir mão de nada. Todos temem o futuro. E nem sabem como agir. Afinal, como agir com sutileza quando se tem a delicadeza de um coice? Como se comportar em um banquete suntuoso se você só come no Mc Donald's? Quem não se perderia? Eu não condeno ninguém por isso.

Por que não baixar a guarda quando perceber que está diante de uma pessoa interessante, sem afetação, com um bom papo e que te faça rir e seja inteligente? Você me diz que ele não é bonito (a) assim, tipo o Giane ou a Fernanda Lima. Mas o auge da beleza passa. E é a inteligência, o bom papo, o bom gosto que vão permanecer. Você tem medo de se magoar de novo? A gente está nesse mundo pra isso, meu bem. Para se divertir. E sofrer. Não é porque fulano pisou na bola com você que o beltrano a sua frente vai pisar também. Pare de trazer consigo todas as mágoas dos relacionamentos passados. O que você tem de trazer é aprendizado, para não repetir os mesmos erros de sempre. E desenferrujar para viver as dores e delícias de uma nova paixão, que pode se transformar em um amor tranquilo. Depende de você. Do outro. De doses de sutileza e diplomacia. Da vontade de ficar junto.

Um comentário:

  1. Dan, adorei o texto. E é incrível como a carapuça sempre serve para mim, ler os seus textos é sempre como mergulhar nas coisas que acontecem comigo e me dão um momento de reflexão. Acho que algumas partes do passado ainda me assombram e baixar a guarda ainda é impossível, mas isso não me preocupa. kkk.

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